O ano de 2011 foi marcado por uma série de ações da Plastivida e do INP para reforçar a relevância da utilização sustentável dos plásticos na vida moderna. Além disso, as duas entidades, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis (Abief), intensificaram sua atuação em favor da conscientização da sociedade sobre a importância do consumo responsável de sacolas plásticas, evitando o desperdício.
Esta última ação aconteceu na sequência do Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, desenvolvido desde 2007 por essas três entidades, com apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e de suas entidades congêneres nos estados.
A grande novidade neste ano foi a ampliação da Escola de Consumo Responsável, que faz parte do Programa. Esta ação educacional visa disseminar o conceito sobre consumo consciente de produtos, o uso racional dos recursos naturais e a destinação correta de embalagens reutilizáveis, como as sacolas plásticas, para educadores, estudantes, profissionais do varejo, gestores do meio ambiente e a população em geral.
Em Blumenau, onde a Escola foi lançada nacionalmente com o apoio do varejo, a inovação foi precisamente estender as aulas sobre o consumo responsável de sacolas plásticas, antes destinadas apenas ao varejo e aos consumidores, também aos professores e alunos das redes estadual e municipal de ensino. Para tanto, foram produzidas e distribuídas 70 mil Cartilhas de Consumo Responsável de Sacolas Plásticas.
O passo seguinte consistiu em uma parceria com a prefeitura de São Bernardo do Campo, a qual resultou no lançamento, em dezembro, do portal da Escola, que pode ser acessado gratuitamente por toda a população no endereço www.escoladeconsumoresponsavel.org.br. O apoio irrestrito da prefeitura, por meio do prefeito Luiz Marinho, foi fundamental para o envolvimento do varejo local e o sucesso da iniciativa.
O portal enfatiza que as sacolas plásticas são materiais reaproveitáveis e não descartáveis, sendo importante consumi-las responsavelmente. Também reforça a importância de reduzir o desperdício dessas embalagens por meio da utilização de sacolas certificadas, mais resistentes, com o Selo de Garantia de Qualidade do Programa de Consumo Responsável.
Como se vê, a abordagem não é restrita ao tema das sacolas plásticas, mas abrange todos os materiais reaproveitáveis. O propósito é educar para o consumo responsável, independentemente do tipo de embalagem ou material.
Com a capacitação de cerca de 6 mil profissionais de varejo e a conscientização de mais de 3 milhões de consumidores no país, o Programa já conseguiu reduzir em 27% o consumo de sacolas plásticas no Brasil, base 2007. Isso representa mais de 5 bilhões de sacolas plásticas. A meta do Programa é reduzir o consumo em 30% no ano de 2012.
O portal da Escola disponibiliza aulas on-line e jogos de avaliação de retenção de conhecimento sobre o consumo responsável. O material didático ficará disponível para download. O acesso é gratuito, qualquer cidadão poderá se inscrever, realizar o curso e obter o certificado.
Além disso, planejamos lançar a Escola de Consumo Responsável em outras cidades, com novas parcerias locais, como em Blumenau e São Bernardo do Campo.
Paralelamente, buscamos esclarecer a sociedade sobre as graves consequências aos consumidores, ao meio ambiente e à saúde pública que poderiam resultar de acordos entre supermercados e governos, bem como de legislações que pretendam banir injustificadamente a distribuição das sacolinhas.
Quando escrevíamos este artigo em dezembro, a Justiça de São Paulo havia suspendido a lei do município de São Paulo, que pretendia proibir a distribuição das sacolas pelos supermercados a partir de 1º de janeiro de 2012, por considerá-la inconstitucional**. Ao longo de 2011, dezenas de leis municipais que visavam o banimento também foram suspensas liminarmente ou extintas pela Justiça paulista, inclusive com julgamento de mérito, sem caber recurso.
Para contribuir com o conhecimento sobre sacolas plásticas e sustentabilidade, a Plastivida divulgou os resultados de dois estudos. O primeiro, realizado pela Agência Ambiental do Reino Unido, concluiu que a sacolinha mostrou cientificamente melhor desempenho ambiental quando comparada a outras embalagens. De nove categorias ambientais avaliadas, ela teve melhor desempenho em oito delas, destacando-se menor emissão de CO2, causador do efeito estufa, e menor consumo de matéria-prima para a fabricação.
O outro estudo, feito no Brasil pelo Instituto Espaço Eco, mostrou que não há um tipo de sacola que definitivamente ou incondicionalmente apresente o melhor desempenho ambiental em todas as situações (maior ou menor quantidade de idas ao supermercado por mês, maior ou menor volume de compras etc.). Ficou demonstrado que, em determinadas circunstâncias, como poucas idas ao supermercado e poucos produtos comprados por mês, perfil comportamental da maioria dos consumidores brasileiros, as sacolas plásticas comuns são mais ambientalmente eficientes que as retornáveis.
A Plastivida também divulgou nacionalmente os resultados da pesquisa realizada pela Maxiquim sobre reciclagem de plásticos pós-consumo no Brasil. O percentual de reciclagem, de 17,9% em 2009, elevou-se em 2010 para 19,4%, o equivalente a 606 mil toneladas.
Com isso, o Brasil ficou na nona posição mundial na reciclagem dos plásticos, atrás da Alemanha (34%), Suécia (33,2%), Bélgica (29,2%), Noruega (25,7%), Suíça (24%), Itália (23%), Eslovênia (21,4%) e Dinamarca (21%). A média da União Europeia em 2009 havia sido de 21%.
As 738 recicladoras de plásticos faturaram R$ 1,95 bilhão (aumento de 5,2% em comparação a 2009) e geraram 18,3 mil empregos diretos. A indústria de reciclagem utilizou apenas 64,5% de sua capacidade instalada, que é de 1,5 milhão de toneladas. Isso mostra o quanto é preciso avançar em termos de coleta seletiva, para prover mais matéria-prima às recicladoras. Dos 5.565 municípios, apenas 443 (8%) contam com essa coleta estruturada.
Esses dados reforçam nossa posição de que a educação, disseminando os conceitos de consumo responsável, reutilização dos produtos e destinação adequada dos resíduos (entre eles os plásticos), é o canal mais eficaz para que toda a sociedade atue em favor da sustentabilidade.
Miguel Bahiense - Presidente da Plastivida Instituto Socio-Ambiental dos Plásticos.
Via: Portal Plástico
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