Por: Priscila Borin Claro, professora do Insper, doutora em gestão ambiental, social e desenvolvimento.
O acordo que restringe a distribuição gratuita das sacolinhas plásticas no comércio de São Paulo deixa dúvidas sobre quem saiu ganhando. Encontramos quatro partes diretamente afetadas: meio ambiente, comércio, governo e consumidor.
O meio ambiente tem sido um dos grandes motivadores das mudanças de comportamento dos cidadãos e das organizações, que repensaram estilo de vida e processo de produção, dado que a capacidade do planeta está cada vez mais comprometida pelo aumento da população e do consumo. A medida contra a distribuição das sacolinhas busca reduzir a quantidade de lixo plástico.
No entanto, parece-me que o impacto real em todo o ciclo de vida da sacolinha convencional e das alternativas disponíveis não foram devidamente considerados.
Várias pesquisas mostram o quanto a sacolinha convencional polui por ser derivada de um recurso natural não renovável -o petróleo. Outras, no entanto, indicam que, se reutilizada, pode até ser mais sustentável.
Em relação ao consumidor, que em grande parte reutilizava a sacolinha para lixo de banheiro e de cozinha, a medida provocará uma mudança no comportamento e um aumento no orçamento mensal, com a compra de saco de lixo e de sacola biodegradável ou retornável.
O comércio teve de se estruturar para fornecer as novas sacolinhas biodegradáveis, bem como para "treinar" seus funcionários a respeito dos motivos da mudança.
O custo que antes lhes pertencia (alguns bilhões de reais) está sendo repassado aos consumidores, aumentando a margem do setor.
Questiono se o que está sendo "gasto" em campanha promocional e todo o lixo gerado (panfletos, outdoors etc.) têm, na verdade, como motivador a sustentabilidade. Além disso, o slogan "Salve o planeta", no caso das sacolinhas, é apelativo e vazio.
O governo, por sua vez, ao não ter uma estratégia articulada e estruturada em relação ao meio ambiente e à sustentabilidade de forma mais ampla, contenta-se com ações pontuais e fracas.
O que mais incomoda é que, ao analisar os interesses em jogo, parece que os recursos naturais e a sustentabilidade estão sendo um meio, e não um fim.
Tudo isso me lembra de quando morei na Holanda, onde existe um sistema a respeito da separação, do acondicionamento e da destinação final do lixo. Estrutura que o Brasil está longe de ter.
O varejo brasileiro, em parceria com os governos, poderia reverter parte da economia com as sacolinhas para apoiar o desenvolvimento de uma estrutura de gestão de resíduos adequada no país.
O meio ambiente tem sido um dos grandes motivadores das mudanças de comportamento dos cidadãos e das organizações, que repensaram estilo de vida e processo de produção, dado que a capacidade do planeta está cada vez mais comprometida pelo aumento da população e do consumo. A medida contra a distribuição das sacolinhas busca reduzir a quantidade de lixo plástico.
No entanto, parece-me que o impacto real em todo o ciclo de vida da sacolinha convencional e das alternativas disponíveis não foram devidamente considerados.
Várias pesquisas mostram o quanto a sacolinha convencional polui por ser derivada de um recurso natural não renovável -o petróleo. Outras, no entanto, indicam que, se reutilizada, pode até ser mais sustentável.
Em relação ao consumidor, que em grande parte reutilizava a sacolinha para lixo de banheiro e de cozinha, a medida provocará uma mudança no comportamento e um aumento no orçamento mensal, com a compra de saco de lixo e de sacola biodegradável ou retornável.
O comércio teve de se estruturar para fornecer as novas sacolinhas biodegradáveis, bem como para "treinar" seus funcionários a respeito dos motivos da mudança.
O custo que antes lhes pertencia (alguns bilhões de reais) está sendo repassado aos consumidores, aumentando a margem do setor.
Questiono se o que está sendo "gasto" em campanha promocional e todo o lixo gerado (panfletos, outdoors etc.) têm, na verdade, como motivador a sustentabilidade. Além disso, o slogan "Salve o planeta", no caso das sacolinhas, é apelativo e vazio.
O governo, por sua vez, ao não ter uma estratégia articulada e estruturada em relação ao meio ambiente e à sustentabilidade de forma mais ampla, contenta-se com ações pontuais e fracas.
O que mais incomoda é que, ao analisar os interesses em jogo, parece que os recursos naturais e a sustentabilidade estão sendo um meio, e não um fim.
Tudo isso me lembra de quando morei na Holanda, onde existe um sistema a respeito da separação, do acondicionamento e da destinação final do lixo. Estrutura que o Brasil está longe de ter.
O varejo brasileiro, em parceria com os governos, poderia reverter parte da economia com as sacolinhas para apoiar o desenvolvimento de uma estrutura de gestão de resíduos adequada no país.
Via: Folha de S.Paulo - 31/01/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário