O presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico (Sinplast) no Estado do Rio Grande do Sul, Alfredo Schmitt, é categórico ao afirmar que não há uma alternativa mais sustentável que as tradicionais sacolinhas. Ele explica que as opções encontradas até o momento não são viáveis para a adoção em larga escala.
“Não existe alternativa melhor ou que não cause ônus ao consumidor. A sacola biodegradável esbarra na falta de disponibilidade de matéria-prima, e a ecobag é importada do Vietnã, gera emprego lá e desemprego aqui. Já as caixas de papelão são inviáveis para o consumidor que carrega as compras a pé ou de ônibus”, disse. Schmitt lembrou ainda que a tecnologia do plástico biodegradável usada na confecção de sacolinhas plásticas é patenteada pela Basf, que concentra a produção na Alemanha.
Segundo o dirigente, o país europeu produz 84 mil toneladas de sacolinhas biodegradáveis por ano, das quais 1,2 mil são destinadas ao mercado brasileiro. Esse volume médio de 100 toneladas por mês corresponde ao consumo de dois dias apenas na cidade de São Paulo, o que inviabiliza a adoção da alternativa como solução nacional. “Por ser uma tecnologia patenteada, não há condições de ela ser adotada pela indústria brasileira”, lamentou.
O líder empresarial, que é também presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), considera que a solução deve ser buscada de forma conjunta, baseada nos termos previstos no acordo de cooperação técnica firmado ontem entre a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Ministério Público (MP) e Fecomércio. O acordo prevê uma campanha de conscientização dos consumidores para que a capacidade de carga das sacolinhas seja plenamente usada e, assim, se reduza em ao menos 20% o número de embalagens durante o segundo semestre de 2012 (o equivalente a 300 milhões de sacolas a menos).
Para a coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor no MP, Têmis Limberger, a campanha “Sacola bem utilizada ajuda o meio ambiente”, que incentiva a redução do uso sem proibir o fornecimento de sacolas plásticas, é compatível com o momento de amadurecimento da sociedade gaúcha. “Queremos evitar a marcha e contramarcha que houve em São Paulo, onde as sacolas foram proibidas e tiveram de voltar atrás.”
Para a promotora, a ação levará os consumidores à reflexão e à redução do uso de outros materiais poluentes.
Segundo o presidente da Agas, Antonio Cesa Longo, atualmente as sacolas saem dos supermercados com 65% da capacidade ociosa e é comum o uso de uma sacola dentro da outra. A Agas aponta que em 13% das compras, o consumidor leva sacolas sobressalentes para casa. A campanha, além de conscientizar os clientes irá treinar os empacotadores – pela legislação gaúcha, os supermercados não podem fornecer sacolas com capacidade de carga menor que seis quilos.
O Diário Oficial do Estado publicou ontem decreto que regulamenta a proibição do uso de sacolas plásticas fora dos padrões estabelecidos pela norma 14.937 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As sacolas plásticas deverão possuir a espessura mínima de 0,027 milímetros e indicar, em quilogramas, a respectiva capacidade de carga. Os estabelecimentos terão 180 dias para se adequar às regras.
A pesquisa que baseou o termo de cooperação indicou que os supermercados gaúchos gastam R$ 190 milhões para a aquisição de 1,5 bilhão de sacolas plásticas por ano. Se esse fornecimento fosse proibido, cada consumidor gastaria, em média, R$ 15,00 mensais para comprar sacos plásticos de lixo. Atualmente, 22% do plástico produzido no Brasil é reciclado e essa união deve pressionar pelo aumento da reciclagem, assim como incentivar o uso do material para a geração de energia.
Via: Jornal do Comércio - RS
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