Insuflado por um ecomarketing desprovido de seriedade e sem maior compromisso com o rigor técnico, o debate sobre a correta utilização de sacolas plásticas assumiu um caráter emocional. Ficou distante até da boa intenção dos ambientalistas que o iniciaram, pensando ingenuamente que banindo os sacos plásticos contribuiriam para a preservação ambiental.
Esta fuga da racionalidade agravou-se depois de alguns governos estaduais e municipais tentarem obrigar o varejo a substituir as sacolinhas por sacolas oxidegradáveis, incorretamente e marqueiteiramente denominados de oxibiodegradáveis. Não sabiam que estas embalagens sim são danosas ao meio ambiente, por não serem passíveis de reciclagem mecânica e se converterem em um pó que poderá ser ingerido pela fauna e contaminar os cursos d’água, comprometendo a qualidade de vida das gerações futuras.
O fato é que as sacolas plásticas tornaram-se indispensáveis à vida moderna, assim como os demais produtos feitos com esse material. Práticas, modernas, econômicas, higiênicas, inertes, acessíveis, reutilizáveis, 100% recicláveis e com elevado conteúdo energético, as sacolinhas vieram para ficar.
Pesquisa feita pelo Ibope comprovou que 100% dos consumidores reutilizam as sacolinhas para acondicionar o lixo doméstico e 71% as consideram a forma ideal de transportar as compras. Por isso, 75% disseram ser amplamente favoráveis ao seu fornecimento pelo comércio varejista.
Entretanto, dois fatores contribuíram para prejudicar essa percepção positiva. Primeiro, o mercado foi abastecido por sacolinhas mais finas, que não atendem à qualidade mínima exigida pela Norma Técnica ABNT 14.937. Isso obrigou os consumidores a colocarem um saco dentro do outro para carregar produtos mais pesados, ou enchendo-as somente pela metade gerando grande desperdício.
Outro fato foi o descarte incorreto das sacolas, principalmente em bairros desprovidos de coleta de lixo. Abandonados em sarjetas ou córregos d’água, esses sacos tornaram-se a parte visível de uma poluição causada por outros dois problemas graves: a falta de educação ambiental de boa parte da população e a ausência de coleta de lixo e de coleta seletiva.
Foi com base nesse diagnóstico que a Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis (Abief) e o INP (Instituto Nacional dos Plásticos) iniciaram com sucesso em 2007 o Programa de Qualidade e Consumo Responsável das Sacolas Plásticas, em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Dentro do Programa, a distribuição de sacolas mais resistentes e a educação dos funcionários e consumidores dos supermercados para que aproveitem integralmente a capacidade dessas embalagens otimizou sua utilização e acabou com a necessidade de colocar uma sacola dentro da outra.
Resultado nas redes de varejo que abraçaram o programa: reduziu-se o consumo de sacolinhas em até mais de 30% e se conscientizou a população a não desperdiçá-las.
Baseado no princípio dos 3 R’s – Reduzir o consumo de sacolinhas, Reutilizá-las para acondicionar lixo e para uma infinidade de outras aplicações, e Reciclá-las destinando-as à coleta seletiva –, o programa entra agora em uma segunda fase, com a Campanha Nacional de Educação Ambiental, por intermédio de uma ampla exposição publicitária na mídia.
Em inserções nos principais veículos de comunicação do país, estamos demonstrando que as sacolas plásticas são indispensáveis à vida moderna e merecem por parte dos consumidores uma utilização ambientalmente correta, por meio da prática dos 3 R’s.
Como novidade, estamos estimulando o debate sobre a Reciclagem Energética dos plásticos. Ela está prevista na Lei Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo e foi incorporada no projeto da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A idéia é trazer para o Brasil o que já vem sendo praticado com sucesso em 850 usinas de 35 países, que transformam 150 milhões de toneladas de lixo por ano em energia, por meio de processamento não-poluente. Os resíduos gerados por uma cidade com 180 mil habitantes podem produzir energia suficiente para 56 mil pessoas.
Nessa direção, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e a Plastivida firmaram recentemente um convênio, para estudar a viabilização dessas usinas no Brasil, dentro da ótica do Desenvolvimento Sustentável.
Desta forma, estamos reintroduzindo a racionalidade no debate, com a mensagem de que os plásticos são sustentáveis: só depende de nós aplicarmos os 3 R’s na sua utilização.
Francisco de Assis Esmeraldo é engº químico, presidente da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, membro do Conselho Superior de Meio Ambiente da FIESP, do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da FIRJAN (RJ) e do Conselho Executivo da Associação Brasileira de Embalagens (ABRE).
Francisco de Assis Esmeraldo é engº químico, presidente da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, membro do Conselho Superior de Meio Ambiente da FIESP.
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