PAULO DACOLINA
Há dois grandes mitos permeando o imaginário de ambientalistas, formadores de opinião e legisladores preocupados com o meio ambiente, que volta e meia ecoam pela mídia e pela internet.
O primeiro equívoco é o de que as sacolas plásticas ocasionariam um grande dano ambiental, poluindo córregos e rios, entupindo bueiros e ocasionando enchentes, ou ainda colocando em risco a saúde pública por supostamente abarrotarem lixões e aterros sanitários.
Nada disso tem qualquer fundamento científico. Os resíduos plásticos pós-consumo incluem não somente sacolas como também garrafas para bebidas, embalagens para alimentos, para artigos de higiene e limpeza e para remédios, bandejas de isopor, bem como uma infinidade de outros produtos. Todos juntos, esses resíduos representam apenas 3% do lixo urbano. Portanto, os resíduos plásticos não podem ser responsabilizados pelas mazelas que os outros 97% de resíduos provocam.
O segundo equívoco é o de que seria possível banir as sacolas plásticas devido ao consumo excessivo delas, podendo perfeitamente serem substituídas por embalagens de outros materiais que seriam “mais” ecologicamente corretos.
Acontece que os plásticos –sacolas inclusive– tornaram-se indispensáveis à vida moderna. As sacolinhas são higiênicas, leves, práticas, impermeáveis, reutilizáveis e 100% recicláveis. Por isso, são as mais indicadas para transportar as compras e protegê-las. Depois, reutilizadas geralmente como sacolas para o lixo, cumprem recomendação das autoridades sanitárias para que o transporte dos resíduos domésticos não contamine o meio ambiente.
Além disso, por terem uma longa vida, as sacolas plásticas armazenam o carbono e a energia com qual foi fabricada por décadas, contribuindo para não agravar o efeito estufa, e ainda, sua reciclagem contínua permite a redução do consumo de matérias-primas não renováveis.
Isso não significa que se devam utilizar as sacolas em excesso. Seu uso, ecologicamente correto, está na prática dos 3 Rs: reduzir a quantidade delas no transporte de produtos; reutilizá-las sempre que possível e reciclar as que não forem utilizadas para acondicionar lixo, destinando-as à coleta seletiva.
Para alcançar esses objetivos e situar as embalagens plásticas na sua correta perspectiva, o INP - Instituto Nacional do Plástico, a Plastivida Instituto Sócio-ambiental dos Plásticos e a Abief - Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis criaram o Programa de Qualidade e Consumo Responsável das Sacolas Plásticas.
O primeiro passo foi estimular a fabricação de sacolas plásticas resistentes. Assim, os usuários não precisariam mais colocar uma sacolinha dentro da outra para transportar compras mais pesadas e reduziriam o consumo da embalagem. Isso está sendo alcançado com a adesão dos fabricantes à Norma Técnica da ABNT, a NBR 14937-05, e com o Selo de Qualidade INP-Abief, ainda mais rigoroso (exige que as sacolas tenha espessura mínima de 27 micras).
Ato contínuo, firmaram-se parcerias com a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados) e as entidades congêneres de vários Estados. para estimular o uso das sacolas resistentes e otimizar o acondicionamento das compras. Isto porque uma grande parte dos consumidores só utilizava metade da capacidade das sacolinhas, por comodidade, distração ou até temor a que se rompessem.
Projetos-piloto foram implementados com êxito, resultando em economias de 12% na utilização de sacolas plásticas em São Paulo e Salvador, e 10% em Porto Alegre. Como resultado, grandes redes de supermercados nacionais, como Pão de Açúcar, GBarbosa, Zafari e Unidasul abraçaram o programa e hoje só distribuem as sacolas plásticas confeccionadas dentro da norma, com o selo do programa.
Os consumidores que quiserem fazer parte deste programa de consumo responsável dessas embalagens encontrarão orientações no site sacolinhasplasticas.com.br. O intuito do programa é a expansão para outras redes de supermercados e redução em 30% o volume de sacolas plásticas distribuídas por esse expressivo segmento do varejo.
PAULO DACOLINA é Diretor Superintendente do INP - Instituto Nacional do Plástico
Texto gentilmente cedido pelo Instituto Nacional do Plástico
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