Artigo publicado no jornal Estado de Minas em 15 de abril de 2011. Leia na integra:
O PULO DO GATO
O que a maioria das donas de casa esperava já está ocorrendo: a salvação ecológica do mundo representada pela proibição do uso de sacolas de plástico nos supermercados. Há situações tão surrealistas, que não dá para entender onde é que as coisas vão parar. Terca-feira, fui cuidar da minha intendência doméstica, que, para simplificar, faço de dois em dois meses, pelo menos o grosso. A lista somou 342 itens, que, já de cara, significam uma complicação: como acondicionar tanta coisa nessas sacolinhas tão catitas e tão próprias para caber o pão do café da manhã e uma ou outra verdura do sacolào? Quando comecei a descarregar as compras na esleirá Jó cai xa, me deu vontade de largar os três carrinhos cheios no supermercado e ir embora para casa. Ocorre que a lei começa a vigorar na segunda-feira. Mas o gerente do supermercado resolveu cortar antecipadamente o fornecimento das sacolas, para quem estava fazendo compras. Só depois de um delicado bate-boca é que fui honrada com o fornecimento das assassinas do futuro da Terra. Não estou sozinha nessa revolta. Cheguei ao jornal e recebi e-mail de uma leitora que está com a mesma indignação.
"Como leitora assídua de sua coluna, tenho visto a ajuda que dá às suas leitoras, que, como eu, se veem indignadas e impotentes com alguma situação. Nunca vi nada tão absurdo como essa lei. a forma que isso nos vem sendo imposto, e nossa boca calada com a alegação de que estaremos sendo ecológicas' A primeira questão diz respeito ao descarte de lixo doméstico Muitas famílias, como eu, utilizam ou reutilizam as sacolas de supermercado com esse fim. Afirmo que, para a maioria, todo descarte pequeno de lixo utiliza essa forma. Fácil de constatar, inclusive nas camadas mais pobres, é esse o destino das mesmas, como pude observar numa foto de um caminhão de lixo publicada no Estado de Minas.
E agora, é preciso pagar o preço absurdo das sacolas para lixo? Existem aí interesses financeiros em jogo? E quem não pode fazê-lo, agora passa a jogar o lixo na rua, desembalado? E se o que polui são plásticos de toda natureza, logo irão proibir pets de refrigerantes. O que falta em educação e condição para o povo vamos suprir proibindo as sacolas plásticas? Além disso, tive a infeliz experiência ao ir a um supermercado que adotava essa lei antecipadamente. Em primeiro lugar, é impossível acomodar caixas no carrinho, se sua compra é maior. Assim, tive que pedir mais um carrinho e sozinha le-var os dois. Então, é fácil observar que caixa de papelão cheia, ou mesmo sacola retornável cheia, adquirem um peso, que para uma senhora de 60 anos, como eu, torna a compra impossível, já que não consigo colocá-la no carro ou carregá-la. Para muitas pessoas, fazer uma compra de supermercado depende de carregar um a um, pacote de arroz, de açúcar, água sanitária, carne, sabão em pó, todas as embalagens maiores, que precisam estar em sacolas individuais para ser carregadas Se é impossível carregar e acomodar as compras em caixas, pelo peso que adquirem, então é preciso ir ao supermercado levando 20,30 sacolas retornáveis para conseguir carregar itens de forma individual?
É um absurdo Por que o sacolão da esquina pode usar sacolas plásticas? E as lojas? Quem joga sacola plástica num bueiro, agora deixará de jogar outros equivalentes, adquiriu educação por conta dessa proibição? E os supermercados, já avaliaram o que isso significa? No dia de minha experiência, tive que pedir a ajuda de um funcionário do supermercado, que pegou as caixas pesadas do carrinho e as colocou no meu carro. Como eu, muitas senhoras estarão nessa situação, sem contar os que compram pequenos volumes, que deverão sair com eles nas mãos. Quem fez essa lei com certeza não enxerga suas implicações práticas, o transtorno que acarreta, e o pouco que uma proibição como essa contribui para a causa em questão. Só podemos lamentar a novidade." •
Por causa do conforto que a humanidade quer, todos e até mesmo as gerações futuras vão ter que pagar com o sofrimento que os problemas ambientais vem sofrendo e vão causar!
ResponderExcluirO problema é que todo mundo gosta de proibir, coibir, repreender, mas achar uma solução... não vi até agora. Por enquanto vou utilizando as sacolas plásticas.
ResponderExcluirEstudamos o tema a quatro anos e concluímos que a educação ambiental e a consicientização para o consumo e descarte adequados é o melhor caminho para evitar que as sacolas plásticas deixem de ser jogadas no meio ambiente.
ResponderExcluirCom o Programa de Qualidade e Consumo Consciente de Sacolas Plásticas já conseguimos a redução no desperdício em 3,9 bilhões de sacolas e continuamos atuando para aumentar esse volume e contribuir com a qualidade ambiental, sem que para isso sejam necessárias medidas restritivas e que oneram o consumidor.