RECENTEMENTE, uma grande rede de supermercados anunciou a decisão de eliminar as sacolas plásticas em até quatro anos, medida elogiada por este prestigioso jornal. A verdade é que não há alternativas consistentes para substituir as sacolas plásticas. Econômicas, resistentes, práticas, higiênicas e inertes, são reutilizáveis e 100% recicláveis. Tanto que, segundo pesquisa do Ibope, 100% das sacolas plásticas são reutilizadas como saco de lixo e são as embalagens preferidas de 71% das donas de casa para transportar compras.
A questão é reduzir o impacto ambiental causado por aqueles que descartam incorretamente as sacolinhas. Pergunto: deve-se banir as sacolas ou promover ações em favor de seu uso consciente?
Imagine se baníssemos tudo o que é moderno, mas que tenha algum impacto ambiental. Voltaríamos aos primórdios, com baixa expectativa de vida, epidemias que hoje só são vistas nos livros de história e total falta de higiene no contato com os alimentos.
Na sociedade contemporânea, a melhor forma de usufruir de conforto, praticidade, economia, segurança e qualidade de vida a que todos temos direito é utilizar esse ou qualquer outro produto de forma consciente, o que significa aplicar os três Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. E isso é possível com as sacolinhas quando são feitas com a qualidade exigida pela norma técnica ABNT NBR-14.937, o que evita a necessidade de colocar uma dentro da outra para levar as compras ou usar a metade de sua capacidade, eliminando o desperdício. É um direito do consumidor exigir o selo de qualidade nas sacolas, que traz o peso que elas podem suportar (6 kg).
Com um consumo correto, não é necessário penalizar a população com alternativas como cobrar a preço de custo por sacolas retornáveis. Somos essa favor das sacolas retornáveis, mas a opção deve ser sempre do consumidor. E há a questão da economia.
Se 100% das donas de casa usam as sacolas para embalar o lixo doméstico e embalar o lixo em plástico é fator primordial para a saúde pública, então o consumidor de baixa renda terá de pagar também pelo saco de lixo?
Também somos a favor das sacolas verdadeiramente biodegradáveis, que, como todos os resíduos biodegradáveis, requerem usinas de compostagem (unidades que oferecem condições para que a biodegradação ocorra de forma ambientalmente correta). No entanto, a palavra biodegradável pode dar a ideia de que tais sacolas podem ser descartadas nos terrenos e cursos d'água, provocando mais poluição. É mais um risco de levar a população ao erro e aumentar os danos ambientais.
Por tudo isso acreditamos que a solução mais equilibrada é investir em informação e conscientização. Com pouco mais de dois anos, o Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, criado pela indústria do setor, já conta com a participação de três dos seis grandes grupos varejistas do Brasil, de inúmeras outras redes, além do apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e de congêneres estaduais.
Voltado para a conscientização da população sobre uso responsável e descarte adequado de sacolas plásticas, o programa já reduziu 40% do consumo das sacolinhas na maior rede de supermercados do país. Os plásticos são feitos para durar (ao durar, retêm carbono e não contribuem para o efeito estufa), e não para serem descartados na natureza.
É importante que sejam usados, reutilizados, coletados seletivamente e destinados à reciclagem, que pode ser mecânica e os transformará em novos produtos, ou mesmo energética, que os converterá em energia de forma segura, como já ocorre na Europa, América do Norte e Ásia, conforme esta Folha publicou em reportagem especial no ano passado. No mundo existem 850 usinas de reciclagem energética. No Brasil, nenhuma.
O desafio ambiental é urgente e imenso. Porém, não será com a penalização do consumidor, mas pela educação e responsabilidade compartilhada da indústria, sociedade e do poder público e adotando soluções verdadeiramente consistentes que iremos garantir o bem-estar das pessoas e a preservação do meio ambiente. Não é justo promover o retrocesso.
A questão é reduzir o impacto ambiental causado por aqueles que descartam incorretamente as sacolinhas. Pergunto: deve-se banir as sacolas ou promover ações em favor de seu uso consciente?
Imagine se baníssemos tudo o que é moderno, mas que tenha algum impacto ambiental. Voltaríamos aos primórdios, com baixa expectativa de vida, epidemias que hoje só são vistas nos livros de história e total falta de higiene no contato com os alimentos.
Na sociedade contemporânea, a melhor forma de usufruir de conforto, praticidade, economia, segurança e qualidade de vida a que todos temos direito é utilizar esse ou qualquer outro produto de forma consciente, o que significa aplicar os três Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. E isso é possível com as sacolinhas quando são feitas com a qualidade exigida pela norma técnica ABNT NBR-14.937, o que evita a necessidade de colocar uma dentro da outra para levar as compras ou usar a metade de sua capacidade, eliminando o desperdício. É um direito do consumidor exigir o selo de qualidade nas sacolas, que traz o peso que elas podem suportar (6 kg).
Com um consumo correto, não é necessário penalizar a população com alternativas como cobrar a preço de custo por sacolas retornáveis. Somos essa favor das sacolas retornáveis, mas a opção deve ser sempre do consumidor. E há a questão da economia.
Se 100% das donas de casa usam as sacolas para embalar o lixo doméstico e embalar o lixo em plástico é fator primordial para a saúde pública, então o consumidor de baixa renda terá de pagar também pelo saco de lixo?
Também somos a favor das sacolas verdadeiramente biodegradáveis, que, como todos os resíduos biodegradáveis, requerem usinas de compostagem (unidades que oferecem condições para que a biodegradação ocorra de forma ambientalmente correta). No entanto, a palavra biodegradável pode dar a ideia de que tais sacolas podem ser descartadas nos terrenos e cursos d'água, provocando mais poluição. É mais um risco de levar a população ao erro e aumentar os danos ambientais.
Por tudo isso acreditamos que a solução mais equilibrada é investir em informação e conscientização. Com pouco mais de dois anos, o Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, criado pela indústria do setor, já conta com a participação de três dos seis grandes grupos varejistas do Brasil, de inúmeras outras redes, além do apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e de congêneres estaduais.
Voltado para a conscientização da população sobre uso responsável e descarte adequado de sacolas plásticas, o programa já reduziu 40% do consumo das sacolinhas na maior rede de supermercados do país. Os plásticos são feitos para durar (ao durar, retêm carbono e não contribuem para o efeito estufa), e não para serem descartados na natureza.
É importante que sejam usados, reutilizados, coletados seletivamente e destinados à reciclagem, que pode ser mecânica e os transformará em novos produtos, ou mesmo energética, que os converterá em energia de forma segura, como já ocorre na Europa, América do Norte e Ásia, conforme esta Folha publicou em reportagem especial no ano passado. No mundo existem 850 usinas de reciclagem energética. No Brasil, nenhuma.
O desafio ambiental é urgente e imenso. Porém, não será com a penalização do consumidor, mas pela educação e responsabilidade compartilhada da indústria, sociedade e do poder público e adotando soluções verdadeiramente consistentes que iremos garantir o bem-estar das pessoas e a preservação do meio ambiente. Não é justo promover o retrocesso.
"Não há alternativas consistentes para substituir as sacolas plásticas, que são reutilizáveis e 100% recicláveis."
FRANCISCO DE ASSIS ESMERALDO, engenheiro químico, é presidente da Plastivida Instituto Socioambiental dos Plásticos, membro do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp, do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Firjan (RJ), do Conselho Executivo da Associação Brasileira de Embalagens (Abre) e do Conselho de Administração do Instituto do PVC.
Fonte: Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo de hoje, dia 15 de março.
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