Sacolinhas de supermercado, feitas de polietileno, são as vilãs do meio ambiente por poluir rios, cidades e lixões e devem ser banidas? Ou, pelo contrário, são indispensáveis ao dia a dia da população por serem úteis na hora de carregar as compras e acondicionar o lixo? Esta polêmica vem mobilizando as indústrias do setor, ambientalistas, autoridades, população e pesquisadores em geral.
A Plastivida Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos, mantido por indústrias do setor, o Instituto Nacional do Plástico e a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis, veicularam nos meses de junho e julho uma campanha em redes de rádio de São Paulo, Santa Catarina, Ceará e Pernambuco, garantindo que as sacolinhas são sustentáveis, reutilizáveis por toda a população para acondicionar o lixo, além de serem recicláveis.
Segundo pesquisa britânica, se comparadas a outros tipos de embalagens, as sacolinhas usam menos matéria-prima em sua fabricação e emitem menos CO2 durante seu ciclo de vida. “Por que acabar com a embalagem mais sustentável?” questiona a campanha.
Diretor executivo do Plastivida, o Engenheiro Químico Miguel Bahiense diz que a intenção do instituto é mostrar para a sociedade os reais temas envolvidos na questão. “Tenta-se proibir o produto considerado o mais seguro do ponto de vista ambiental segundo um estudo científico”, diz.
Para ele, o impacto ambiental será péssimo caso a proibição vire lei, porque a melhor alternativa ambiental estaria sendo descartada. “Existem leis banindo as sacolinhas, mas várias já foram consideradas inconstitucionais pela Justiça e perderam a validade”, garante. Tais decisões estariam embasadas no conceito de que, depois de utilizadas, as sacolinhas viram resíduo sólido urbano, que é um tema já regulamentado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ou seja, estados e municípios não podem ter uma lei que se sobreponha à legislação federal.
LIXO – O impacto de uma eventual proibição das tradicionais embalagens seria sentido pela população. Segundo Bahiense, o consumidor usa a sacolinha para transportar as compras e, depois, para acondicionar o lixo da cozinha, banheiro, embalar sapatos, roupas e outros objetos. “Desde que existe, o saco plástico sempre foi considerado a melhor forma de acondicionar lixo porque evita a contaminação do solo pelo chorume – líquido gerado pelo lixo orgânico – quando depositado no lixão”, lembrou. “Se sumir do supermercado, uma parcela de consumidores passará a comprar o saco de lixo e o plástico continuará a ser usado da mesma forma”, acrescentou. Outra parcela poderá descartar seu lixo em latões, o que naturalmente atrairá roedores e outros vetores de doenças. “E na hora que chover, vai tudo se espalhar, gerando um sério problema sanitário”, adverte.
Para o Plastivida, a questão não é a sacola plástica, mas a forma equivocada com que ela é utilizada. Para amenizar esse problema, a entidade lançou há três anos o Programa de Consumo Responsável, focado na educação. Miguel Bahiense diz que um dos fatores do desperdício era a fragilidade das sacolas, o que levava o consumidor a usar várias unidades para embalar suas compras ou, na reutilização, para acondicionar o lixo. Quando as fabricantes passaram a disponibilizar sacolas com capacidade para suportar até seis quilos, providência prevista no programa, o consumo foi reduzido.
As estatísticas comprovam essa afirmação: em 2008, quando o programa foi lançado, eram consumidas no Brasil 17,9 bilhões de sacolinhas por ano. Com a melhoria da qualidade das embalagens e o trabalho de conscientização que incluiu o treinamento de caixas e empacotadores dos supermercados, o consumo caiu para 14 bilhões de sacolas em 2010. A redução de 3,9 bilhões num período tão curto ganha mais relevância quando se considera que o poder aquisitivo do brasileiro aumentou e que, além disso, mais pessoas passaram a consumir. “Mostramos que o processo de educação é o caminho”, ressalta o diretor do Plastivida.
Via: Café on the Rocks
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