Com referência à
Lei paulistana sobre o uso das sacolas plásticas, que esta semana completa um
ano, a Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos vem se posicionar,
alertando que não houve benefício social ou ambiental a partir dessa lei.
Concordamos
que todos devemos buscar o consumo consciente no dia a dia, independente dos
produtos e matérias-primas em questão, evitando assim o desperdício e
fomentando a ampliação da reciclagem.
É
hábito de mais de 90% das pessoas reutilizar as sacolas plásticas para
descartar o seu lixo doméstico. Porém, com a cobrança das sacolas plásticas –
decisão unilateral de parte dos supermercados - a população se nega a arcar com
mais este custo em seu orçamento.
Se as
sacolas – que hoje, inclusive, contam com mensagens de inventivo à coleta
seletiva - continuassem as serem distribuídas gratuitamente à população pelos
supermercados, a sociedade poderia estar muito mais engajada na separação dos
recicláveis, que chegariam em quantidade suficiente às centrais de triagem da
prefeitura, hoje subutilizadas, com evolução pífia de 1,06% para 2,5%, quando a
prefeitura prometeu 10% até 2016.
Sem as
sacolas, devido à cobrança, não há separação de lixo, nem sequer descarte
correto. Basta acompanhar o noticiário local para nos depararmos, diariamente,
com toneladas de lixo jogadas de qualquer maneira pela cidade.
Segundo
pesquisa (agosto de 2015), 83% da população paulistana sinalizavam que não
pagariam pelas sacolas verde e cinza e 87% desejavam que o PROCON/SP lutasse
pela gratuidade das sacolas plásticas. Ao contrário, o PROCON/SP apoia, através
de acordo com a APAS e somente em benefício dos supermercados, a venda das
sacolas.
Estudo
realizado pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) revelou que,
sem sacolas gratuitas, as famílias passam a ter um aumento de gastos mensais
com embalagens de 146,1%, o equivalente aos custos com o arroz e o feijão. O
consumidor já vem pagando a alta conta da inflação, da queda do ritmo da
economia e do desemprego. Agora, com a cobrança, há prejuízo claro à população
e ao meio ambiente e tudo isso somente para o benefício dos supermercados.
Entendemos a
necessidade, inclusive apoiamos e realizamos iniciativas que ampliem o consumo
consciente de qualquer produto para evitarmos o desperdício. E a chave para tal
nunca será o banimento ou a taxação/cobrança, mas sim a educação ambiental.
O Brasil precisa
incentivar as boas práticas de consumo e descarte corretos e somar a isso a
gestão dos resíduos, de forma a reduzir o desperdício e amentar a reciclagem.
Um exemplo que deu certo acontece há quase 3 anos no Rio Grande do Sul, onde a
questão das sacolas plásticas é tratada com o envolvimento da população,
setores público e privado, varejo e também da associação de supermercados local.
Como resultado, foi regulamentada a Lei n° 13.272/09, que proíbe o uso de
embalagens fora das especificações da ABNT no estado, para que haja redução no
desperdício e estímulo à reutilização.
Na sequência, a
população gaúcha foi beneficiada, ainda, com o programa de educação ambiental
“Sacola Bem Utilizada Ajuda O Meio Ambiente”, que fomenta o uso responsável, as
boas práticas de reutilização, o descarte corretos das sacolinhas e a
reciclagem. Esta é a forma correta de buscar a preservação ambiental, e devemos
observar que não se vende uma sacola plástica no Estado do Rio Grande do Sul.
Sacolas de qualidade evitam o desperdício, pois são resistentes e não é
necessário se colocar uma dentro da outra para ter segurança no transporte das
compras. Ensinamento básico, porém fundamental para o consumo consciente.
Com esse tipo de
ação, o meio ambiente ganha, a população ganha e até mesmo os supermercados,
que conseguem economizar, distribuindo menos sacolas. Todos nós buscamos o
consumo consciente e a redução do desperdício, mas a prática não pode recair
apenas na conta do consumidor e, pior, causar problemas ambientais.
Nesse sentido, a
cidade de São Paulo retrocede.
Miguel
Bahiense – presidente da Plastivida
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